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Arlequino vs Jesteria

Publicado em 16/02/2024 por Filipe

Era uma vez um cruzeiro de luxo proveniente das paradisíacas ilhas das Caraíbas que navegava em rumo ao quase intocado continente da Antártida. Cerca de mil almas kinky, e quiçá, o que não tem nada a ver, alguns psicopatas, buscavam divertimento, paisagens naturais, sexo e espectáculos inesquecíveis. Apesar do seu tamanho relativamente modesto, pode-se dizer que nada faltava no Entertainment, nome dado ao cruzeiro. Cabines individuais acessíveis até para os menos abastados, a maioria delas eram equipadas com uma casa de banho, sendo raras as que não incluíam uma sala de estar. Um cabaré que também servia de cinema, inúmeros bares e restaurantes, uma sala de musculação, campos de ténis e de basket, além de várias piscinas. Diversas lojas, a maioria de artigos sexuais, um jacuzzi enorme, até mesmo uma biblioteca, uma papelaria e uma discoteca eram alguns dos locais que todos os viajantes podiam desfrutar.

Além dos passageiros, havia ainda a tripulação, composta por marinheiros, incluindo o capitão, e diversos colaboradores, desde empregados de mesa à polícias e professores de educação física. Todavia, pode-se igualmente dizer que, tendo em conta as omnipresentes cenas de sexo ao ar livre e o gosto pela bebida e outras drogas pelos passageiros, havia também profissionais de limpeza a dobrar.

Depois de atravessar o canal de Panamá, o Entertainment fez uma escala em Puerto Ayora, uma ilha equatoriana, onde entrou o equatoriano Arlequino. Dirige-se agora para sul, com próxima escala na Ilha da Páscoa.

Após ter degustado umas cervejas no onze mil vergas, local onde diariamente vários escravos eram submetidos aos prazeres dos seus mestres, Arlequino aproveitou o evento do início de serão no cabaré Sacher-Masoch, onde o seu coração foi tomado de assalto por uma dança burlesca protagonizada pela divina miss Jesteria. Ruiva como o próprio sangue, vestia um blazer azul à moda antiga, com um lacinho preto ao pescoço e um espartilho (ou corpete) negro com botões dourados; da cintura para baixo uma minissaia vermelha, ligas pretas sem collants e uns saltos altos igualmente vermelhos; empunhava também um forte chicote e tinha por hábito de lember os seus óculos de sol quando não os segurava com as mãos. Mas o que mais impressionava eram provavelmente aqueles olhos de cor quase amarela, felinos, cheios de fome e de crime, meio encerrados como o das asiáticas e acentuados por sombras artificialmente negras. Aquela mulher certamente não é nenhuma santa; pensou Arquelino; mas é boa o quanto basta para eu me apaixonar.

Depois dos folguedos burlescos seguiu-se uma sessão de poesia erótica. Ainda mergulhado em pensamentos sobre aquela mulher –  Jesteria – que era igualmente uma passageira, que enquanto estrela, era frequentemente convidada no cabaret para expor os seus dotes de bailarina e de mágica, a maioria dos poemas não captaram a atenção do espanhol Arquelino, que continuava a pedir cervejas para aliviar a sua solidão, como, aliás, a maioria dos passageiros o fazia. Mas vejamos alguns excertos de poesia que parcialmente captaram a atenção do nosso Arlequino:

O meu ser de desterrado te odeia. 

Guardo no corpo, agora esqueleto, 

A fixa idéia

De ser a tua noite.

Sou a peste que não pára.

Obtiveste as mais ilustres funções,

Mas compreenderás agora que ainda vivo

E que o sangue que me resta foi diluído em veneno puro.

O meu ódio encarnado cresceu no túmulo

Despedi-me agora de minha cruz, 

Parei de brincar, minha vingança descongelou.

Eu sou o cristo negro. 

Desfarei primeiro o que sobra do teu império de dinheiro sujo.

Sou aquele que conhece os fogos eternos do inferno

E o doce zephiro do paraíso. 

Sou o místico que conhece a verdade 

Mas que ignora o seu tortuoso caminho. 

Quero-te na mais escura solidão, descalça e a tremer.

Acompanho cada um dos teus passos.

Nem penses em encontrar refúgio no teu castelo,

Pois a tua morte constantemente me chama.

Eu sou a tua sombra.

Linda moça, liberta comigo o demónio que está em ti.

Queimo o teu corpo com a minha paixão.

Queima com as tuas luas a minha alma.

Vá, manda-te aos desafios do violento.

Toda nua, debaixo de água, quero ver as tuas lágrimas.

E o medo nos teus olhos, sempre que te chamar:

Pequeno anjo.

Bem, está relativamente interessante o que este hombre nos diz, pensou Arlequino, mas pergunto-me se ele seria capaz de agir em concordância com a sua poesia.

E agora; vociferava o moderador, eis um poema de Luís Vaz de Camões, recitado por Jean Bavard:

“Amor é fogo que arde sem se ver

É ferida que dói e não se sente

É um contentamento descontente

É dor que desatina sem doer

É um não querer mais que bem querer

É solitário andar por entre a gente

É nunca contentar-se de contente

É cuidar que se ganha em se perder

Amor é fogo que arde sem se ver

É um andar-se estar preso por vontade

É servir a quem vence, o vencedor

É ter com quem nos mata lealdade

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Amor é fogo que arde sem se ver

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

Apesar da sua aparência puritana, aqui está um gajo que desceu aos abismos do amor.

Agora um poema de Almeida Garrett:

“Não te amo, quero-te: o amar vem d’alma.

      E eu n’alma – tenho a calma,

      A calma – do jazigo.

      Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.

      E a vida – nem sentida

      A trago eu já comigo.

      Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero

      De um querer bruto e fero

      Que o sangue me devora,

      Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.

      Quem ama a aziaga estrela

      Que lhe luz na má hora

      Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,

      De mau, feitiço azado

      Este indigno furor.

      Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto

      Que de mim tenho espanto,

      De ti medo e terror…

      Mas amar!… não te amo, não.”

Este pelo menos está apaixonado, ou pelo menos diz respeito a uma pessoa por quem esteve.

E por fim; continuou o anfitrião; um poème do nosso discípulo de Baudelaire: Monsieur Pascal Peguy:

Sa voix a la clarté d’un printemps aux belles fleurs.
Mais de son ombre naît un squelette sans couleur.
Elle se promène par-ci par lá, ricanant violemment;
Et se plaît quelquefois par ses naturels élans
À écraser un cœur aux sourires d’enfants.

A sua voz tem a clareza das flores primaveris.

Mas da sua sombra nasce um esqueleto sem cor.

Ela passeia daqui para ali, rindo violentamente;

E, por vezes, nos seus impulsos naturais,

Gosta de esmagar um coração com sorrisos de criança.

Mais um que não entendeu que as mulheres foram feitas para serem tomadas e não para serem compreendidas. Bem, são horas de ir dormir, suponho. Como se chamava aquela donzela… Jesteria! Que é como diz joker no feminino. Vedremo più avanti se conosce l’origine di quella figura*.

Dito isso, Arlequim, escreveu os seguintes versos, antes de se deitar, enquanto o espectáculo deixou lugar a diversas orgias que acompanharam o luar da noite.

Na luxúria, a paixão desabrochava,
No palco do desejo, a dança hipnotizava.
Mas Jesteria, musa envolta em mistério,
Despertava desejos com seu olhar pouco sério.

Sensuais movimentos, sua voz sussurrava
Um enigma a desvendar,
Seus olhos felinos, que a todos enbriagava.

*Jesteria é como quem diz Jester, no feminino, que é o joker das cartas. Já agora, Arlequino vem de “Arlecchino”, uma conhecida personagem da “commedia dell’arte”, famoso movimento de teatro italiano do renascimento. Mas a razão pela qual o Arlequino falou em italiano é porque o autor deste conto afirma, sem saber, que a origem do Joker busca as suas origens mais fundas na κωμῳδία grega (ou comédia, para quem não ler grego; à qual não podemos deixar de associar o deus Dionísio), que deu origem à comédia romana, e que, dando um salto no tempo, para não me prolongar sobre o assunto, desencadeou no “Carnevale italiano” do final da idade média (o joker de um baralho de cartas pode assumir qualquer função tal como podemos representar qualquer personagem durante o carnaval, o que permite ao joker ser tudo e nada ao mesmo tempo. E ser um brincalhão frívolo devido à natureza festiva do carnaval. Quem melhor que o bobo do rei para encarnar tal personagem? Por fim, como único argumento mais ou menos científico, acabei de descobrir que a primeira aparição oficial da Coringa (the fool , ou o louco) aparece num baralho de Tarot do final do século XV (o “Sola Busca Tarot”), proveniente da região de “Milano”. Aqui fica explicado o nome da “Jesteria”. Quanto ao Arlequino? “Arlecchino” é, parece-me, o primeiro Joker na história da literatura. Mas vim aqui para narrar cenas de sexos, por isso deixemos para lá as nossas impertinentes divagações. Prometo não intervir mais como igualmente prometo que o conteúdo que segue não será tão “glamour”.

Bem, que comece o dia segundo da epopeia!

Jesteria passeava no barco com uma vestimenta pouco menos sedutora. Arlequino, assim que a viu, decidiu-se a abordá-la, mas era sem contar com a multidão de fãs que a rodeavam a bailarina. Ainda assim, sentou-se e pediu um café enquanto a observava. Uma donzela de cerca de vinte anos, morena e inocente o abordou e questionando quem é que ele observava.

“Oh ninguém, apenas o mar e os vestígios da minha ilha natal. E quem é a moça?

“A sério? Parece que o senhor procura alguém que queira matar. O meu nome é Liana. Venho do Panamá. Então a ilha onde o senhor entrou é a sua ilha natal? Parece-me bem pequena para não causar uma sensação de claustrofobia. “

A Liana contava com pouco mais de vinte anos, era mulata e de olhos verdes. Um pouco magra, não deixava porém de salientar formas apetecíveis, através da sua camisola que acabava antes do umbigo e sua saia bege que acentuava as curvas redondas do seu traseiro. O cabelo negro, artificialmente esticado, era brilhante, como uma noite salpicada de estrelas.

“É a minha terra natal mas sou um cidadão do mundo, como os demais passageiros, presumo. O meu nome é Arlequino, prazer em conhecer-te. Manda vir uma bebida e senta-te. Eu ainda estou a beber o café da manhã, apesar de serem já duas da tarde. “

“Obrigada, aceito um café igualmente. As pessoas por aqui não parecem ser muito madrugadoras, vejo que o senhor também não.”

“Podes me tratar por tu, Liana. Empregada, mais um café e pode ser umas asas de frango.”

“Oh mas prefiro tratar-te por senhor, se não te incomodar. Que tal um “verdade ou consequência”?

“Bora! Consequência.”

“Beija-me.”

Depois de um leve beijo sem língua, a Liana prosseguiu com o efémero jogo.

“Agora é minha vez…escolho “verdade.”

“Porque vieste falar comigo?”

“Porque quero foder contigo.”

“Agora sou eu, presumo. Consequência.”

“Anda comigo.”

Entraram na casa de banho unisexo do café e depois de se terem beijado os respectivos sexos, Liana foi penetrada e sua voz bem podia ser ouvida pelas pessoas que estavam sentadas na esplanada. O que não é de admirar, pois como já ficou subentendido, é prática comum no Entertainment. Depois de alguns minutos, os dois saíram da casa de banho e separaram-se depois de um beijo fugitivo.

Um aviso a todos os passageiros!, aclamava a voz do alto-falante do café; dois corpos foram encontrados esta madrugada, sem vida. Certamente se tratará de um acidente erótico. Pede-se a todos os passageiros o cuidado de respeitar as normas de segurança. Isso é um aviso para que a diversão possa subsistir. Caso alguém possua informações relativas à ocorrência deste infausto acontecimento, é solicitada a apresentação de testemunhos na esquadra de polícia para prestar declarações. Agradecemos a compreensão de todos e continuem a desfrutar.

Escassos foram os amigos dos infortunados que se disponibilizaram a depor, e apenas para informar que estiveram com eles uns momentos antes do fatídico desfecho, incapaz de discernir quem terá negligenciado as regras de segurança exigidas pelas práticas de BDSM.

Vários passageiros murmuravam que claramente os infortunados foram abandonados à sua sorte. Pode não se tratar de homicídio voluntário, mas houve aqui alguma negligência. Consta que a Jesteria esteve com eles na noite anterior.

São agora seis da tarde, o Entertainment encontrava-se agora a cerca de mil quilómetros da mais próxima ilha, a Ilha de Páscoa, onde estava prevista uma breve escala.

Neste momento, Arlequino chega ao bar Justine, onde encontra a Jesteria jogando às cartas sozinha, vestida da mesma forma que a encontrou pela primeira vez, no cabaré Sacher-Masoch. Ao passar por ela, a bailarina interrompe-o.

“Meu belo homem, que tal uma partida de “Verdade ou Consequência? ♥”

“Moça Jesteria”, cumprimentara Arlequino tirando seu chapéu, “será uma honra juntar-me a vós. Permita-me só pedir uma cerveja, e para a minha amiga será…”

“Uma taça de champagne. ♦”

“Empregada, ouviu o pedido da senhora.”

“As suas actividades no submundo não são menos famosas que os meus dotes de bailarina, meu caro Arlequino. Permita-me definir as regras: quem se recusar a cumprir a consequência ou a falar a verdade deverá despir uma peça de roupa. ♠”

“Porque não? Começo eu então, se me permitir. Verdade ou Consequência?

“Verdade. ♣”

“Diga-me algo de interessante sobre si que a maioria das pessoas presentes no barco desconhecem.”

“Ahah ♥

Não sou apenas uma mágica ou uma bailarina, meu caro. Tenho também a fama de ser uma assassina conhecida por Lady Red. Mas suponho que já tenha chegado a essa conclusão. Agora é meu turno, permita-me perguntar o que o senhor esconde por trás da sua postura de viajante inofensivo. ♦”

“Preciso então de ter cuidado consigo, imagino. Eu também gosto de matar, particularmente homens. São concorrentes para as mulheres e para maioria deles não vejo neles qualquer tipo de utilidade. E acrescento que já violei cerca de cem mulheres. Parece-lhe suficiente, ou quer que lhe conte mais sobre o que tenho a esconder?”

“Bem, meu amigo é um aventureiro pelo que eu vejo. Ser capaz de violar tantas inocentes é certamente um pré-requisito para um eventual amante para mim.♠”

Diga-me, se eu ganhar o nosso jogo de Verdade ou Consequência, o que se propõe fazer.”♦

“Se ganhar acredito que pode-me humilhar, enviar-me pelo oceano, ou vender-me à polícia para seu benefício. E seu eu ganhar?”

“Não irá acontecer. Mas respondo-lhe ainda assim. Poderá me usar como os seus desejos o entenderem, pode-me violar, amarrar-me, provocar-me sem piedade, até tirar minha vida se é isso que o excita. No entanto, lembre-se disto: uma vez que o senhor perder, você pertence-me completamente – de corpo e alma. Agora, você está pronto para começar?”♠

“Não pedia tanto.”

“Vamos lá então, qual é o seu fetish favorito? ♦ “

“Boa pergunta, eu diria foder na garganta de uma bela mulher ou ser amarrado enquanto uma mulher me sobe em cima. E quais são os seus, cara Jesteria?”

“Oh vejo compartilhamos gostos semelhantes. Quanto a mim gosto de humilhar e degradar, bem como de sexo violento. Mas acho que o meu prazer mais invulgar consiste em infligir dor aos outros enquanto eles imploram por mais – especialmente quando se trata de receber do meu chicote… ah mas também gosto de os humilhar com o meu cuspo e urina. É um pouco estranho, não é? E agora, Arlequino, o que mais devo saber de si? ♦”

“Mijar é conveniente para marcar o nosso território. E cuspir é divertido, principalmente quando não é consentido. Nada contra.”

“Talvez possamos explorar nossos desejos em comum mais tarde. Porém, eu escolho Consequência desta vez, o senhor tem coragem de beber na minha taça de champagne apesar de não saber o que ela contém? ♥”

“Não tenho a certeza sobre o que ela possa conter, mas vou confiar em si, dê-me essa taça que bebo-a de um só trago.”

“Agora engula tudo de uma vez sem derramar uma gota. Lembra-se do que eu disse caso não cumpre o que eu lhe pedi? ♠”

“Sim, bem, não sou apreciador de champagne mas sabia um pouco melhor, o que era?”

“Champagne, meu caro. Com um pouco… do meu cuspo. Aproveite. Agora, que performance gostaria que eu executasse para si? ♠”

“Uma dança ao ritmo desta música!”

Uma dança foi então protagonizada pela Jesteria, era como uma lap-dance das mais sensuais embora raramente tenha tocado no corpo de Arlequino. Aproveitou para remover o seu blazer azul, revelando o seu corsete negro que lhe apertava os seios grandes. Aproveitou igualmente para subir um pouco a saia vermelha, revelando agora o início das nádegas e mais das suas pernas poderosas.

“Que performance extraordinária, Jesteria, para a agradecer sinto-me na obrigação de remover, também eu, o meu casaco leve.”

“Não se sinta na obrigação, meu amigo. Mas essa camisa justa fica-lhe bem. Sou eu agora, o que escolhe, verdade ou consequência? ♣”

“Vamos lá para mais uma verdade”

“O que o trás cá, para além do óbvio divertimento? ♦”

“Creio que nunca faço nada que não seja por mero divertimento.”

“Enigmático mais uma vez, pois adivinho que tem mais para revelar. Que tal uma consequência, para compensar? Peça a alguém para se juntar ao nosso jogo, mas recorde-se que deverá, de acordo com a lei, obter o consentimento dessa pessoa. ♣”

Depois de se eclipsar por alguns minutos, Arlequino voltou com uma jovem loira que vestia uns calções apertados e curtos o suficiente para revelar o início do rabo.

“A Vanessa aquiesceu juntar-se a nós.”

“Excelente escolha Arlequino, uma salva de palma para a nossa linda convidada. Muito gosto, Vanessa, sou a Jesteria, ter-me-ia eventualmente visto nesses últimos dias, nos espectáculos no Sacher-Masoch. ♦”

“É uma honra partilhar a sua mesa Jesteria” comentou a Vanessa.

“Vanessa; acrescentou friamente Jesteria, sabes o que acontece se perderes? ♠”

“Bem, eu não lhe contei os detalhes; limitou-se a comentar Arlequino.”

“Pois bem, honra à nossa convidada. Verdade ou consequência, o que escolhe Vanessa? ♦”

“Bem… vou começar por uma verdade.”

“Então”, perguntou Jesteria, “consideras-te mais submissa ou dominadora? ♦”

“Provavelmente mais… submissa. Concluiu a Vanessa.”

“Havias de o dizer com orgulho, minha amiga, muitos são os que escondem os seus desejos por submissão, não é verdade Arlequim? ♦”

“Deveras! E pergunto-me contudo o que levará uma pessoa a desejar ser submissa, da mesma forma que me pergunto o que levará alguém a ser dominador.”

“Bem, agora escolho consequência, Vanessa, o que devo fazer? ♦”

“Eu… não sei…”

“Não sabes? É por isso que eu não gosto de submissos. Não concorda comigo Arlequino? ♦”

“Sem dúvida, para punir a Vanessa, sugiro a seguinte consequência…”

Arlequino deixou a sua cadeira para dar de leve um beijo na rata da Vanessa ainda oculta pelos calções mas contudo bem visível pelas duas leves dobras que o seu sexo feminino proporcionava nos calções apertados.

“Ah quanta ousadia, profanou Jesteria, por parte de alguém que está prestes a ser meu escravo. Os lábios interiores são do seu agrado? ♥”

“Parecem perfeitos, julgo que poderia lambê-los até o pôr do sol.”

“Oh quanta poesia!”, acrescentou Jesteria, “Agora, Vanessa, diz-me, quem é o mais atraente? Eu ou Arlequino? Lembra-te que a honestidade é o caminho mais rápido para saíres daqui viva ♦”

“Oh Jesteria, não me parece necessário amedrontar a Vanessa.”

“Mas seria pior se ela não soubesse do que somos capaz, não é verdade, Arlequino? Então Vanessa? ♠”

“Ela parece não querer escolher agora, Jesteria. Ela passa o turno, não tem mal. Eu escolho verdade.”

“Tudo bem, revela-nos mais alguns dos seus segredos, Arlequino. Já experimentou algo particularmente tabu ou extremo? Não se contenha, pois quem sou eu para o julgar? ♣”

“Pois bem, ainda ontem coloquei a cara de uma mulher dentro de uma sanita pública. Como é óbvio, não lhe era possível respirar. Caso eu não me atingisse o orgasmo suficientemente rápido enquanto lhe fodia a cona, ela teria morrido por falta de oxigênio. Felizmente para ela os seus lábios interiores agradaram ao meu pénis.

Há uns anos, numa festa de anos, mais de dez mulheres se masturbaram na minha cara enquanto eu permanecia de joelhos. Algumas até aproveitaram para me mijar em cima.

E houve um dia em que eu conheci uma moça magrinha, ou devo dizer, conheci o seu anûs que era bem apertadinho. Ela me implorou para parar de a foder mas eu não quis saber. Ela sangrou muito e alguns órgãos foram danificados. Acho que ainda hoje ela se move numa cadeira de rodas.

E vocês, Jesteria e Vanessa? Coloco de volta a pergunta que me foi colocada.”

“Bem, meu amigo é um aventureiro. Quanto a mim gosto de ultrapassar os limites. Há algo de emocionante em cruzar limites que outros não ousariam – seja a nível físico ou emocional. Mas devo dizer, relativamente à terceira aventura que nos contou, que você é o pior Arlequino, um monstro entre os homens, ou melhor um monstro entre os monstros ♥

Arlequino vs Jesteria

Arlequino vs Jesteria

De resto, para responder à sua pergunta, tal como Arlequino, ontem fui um pouco ousada. Depois de uma brincadeira com um certo jovem rapaz, acabei por lhe dar dezenas de chicoteadas em suas costas. E foi consentido, digo-vos. Infelizmente para ele, esqueci-me completamente de o libertar depois. Ouvi dizer que ele terá morrido. É uma pena, mas por outro lado, nunca gostei de brinquedos partidos ♠

E tu Vanessa, eu sei que és uma miúda inocente mas partilha connosco alguma fantasia que tenhas cometido ou que queiras realizar ♦“

“Eu…realmente nunca experimentei algo de tão selvagem…Eu diria que gosto de ser atada e espancada sem poder fugir.”

Jesteria aprova com a cabeça: “É um bom início ♥”

“Um clássico! Mas um clássico de bom gosto. Porém, Jesteria, não acredito que tenha sido responsável pela morte daqueles passageiros. Somos cerca de mil, acredito que não somos os únicos psicopatas.”

“Olhe, para lhe ser sincero, não tenho a certeza. Não me dei ao trabalho de confirmar a identidade dos defuntos. Já agora, sei que, ontem, o senhor se deitou cedo. Loucuras como a que o senhor relatou não acontecem durante o dia entre pessoas que não se conhecem bem. Seja como for acredito que saberei um dia se me está a mentir ou não ♦”

Agora Arlequino, o senhor tem coragem de beber novamente na minha taça de champagne? ♥”

“Não me diga que conseguiu enquanto falávamos colocar um pouco do seu cuspo nessa taça de champagne que encomendei e que como tal hei-se pagar?”

“Não cuspi coisa nenhuma coloquei…outra coisa, não se lembre que enquanto mágica, sei aproveitar qualquer distração para fomentar os meus truques? E que tal, meu amigo, deseja provar? ♦”

“Parece que não tenho escolha, mas convido a Vanessa a experimentar comigo essa sua ambrosia.”

“Parece que não tens escolha, Vanessa, prova e diz-me o que achaste deste meu cocktail ♣”

A Vanessa estende timidamente a mão, segurando a taça de champagne, aproximando-a dos seus lábios naturalmente vermelhos. Depois de uma breve hesitação, ela abre a boca e recolhe metade do conteúdo, engasgando-se mais por reflexo do que pelo sabor da bebida. Foi depois a vez de Arlequino provar, bebeu o que sobrou de uma só vez sem qualquer queixa.

“Parece”; acrescentou contudo Arlequino; “que a Vanessa cuspiu metade para fora. Devemos puni-la por isso, Jesteria?”

“Oh, não se preocupe por tão pouco. Os empregados estão cá para tal. Prosseguimos com o nosso jogo? Quem está a seguir? Arlequino, verdade ou consequência? ♠”

“Consequência.”

“Então, ajude a nossa amiga a compor-se e dê uma boa lambida entre as suas pernas. E desta vez, afaste o fio interior dela primeiro que é para ela sentir directamente os seus lábios ♥”

“Parece-me bem e duvido que a Vanessa tenha personalidade para dizer que não e depois de experimentar os meus dotes com a língua não quererá outra coisa.”

Arlequino lembe a cona da Vanessa durante um minuto ou dois. Inicialmente na defensiva, a jovem não tardou a se oferecer e, entre vários pequenos gritos que acusavam a sua aprovação, não tardou a pedir por mais, o que Arlequino não se recusou a proporcionar.

“Enquanto o Arlequino se deleita com a tua cona Vanessa, diz-me lá o que mais gostarias de saber sobre nós ♦”

“Ai…ahhhh… eu gostaria de…de saber quantas pessoas vocês já mataram.”

“Quanto a mim; respondeu Jesteria; para satisfazer a tua mórbida curiosidade, eu diria que tirei a vida a cinco pessoas desde que entrei no nosso barco. Todos, bem, excepto um, sucumbiram às suas próprias fraquezas, por outras palavras, foram eles que me imploraram para acabar com as suas vidas. Quantas pessoas eu matei ao todo… não sei bem, mas diria que seria necessário acrescentar dois zeros. É informação suficiente, querida Vanessa? ♦”

“Quanto a mim, já matei mais de cem pessoas com as minhas mãos. Faz inevitavelmente parte do meu trabalho, ao fim ao cabo.”

“Oh, sente-se à vontade para compartilhar mais das suas horríveis histórias, meu amigo. Mas deixe-me dizer-lhe que deitar a culpa no trabalho parece-me um pouco imaturo ♠”

Em resposta, Arlequino deu duas palmadas na bunda da Vanessa e exigiu-lhe para que ela se arrastasse até ao bar e pedisse mais uma cerveja e uma taça de champanhe. Depois de zombar da Vanessa, que se inclinava obedientemente para satisfazer o pedido dos carrascos, Arlequino sorriu para Jesteria antes de lhe perguntar:

“E agora?”

“Deixe-me incentivar a nossa escrava com umas boas palmadas e de imediato volto para prosseguir o nosso jogo e ver qual de nós sairá vivo ♠”

Jesteria dirigiu-se para Vanessa com as seguintes palavras:

“Minha fofa, quanta dedicação, prossegue pois rastejando e aceita essas palmadas para te incentivar! Isso, beija-me os sapatos… agora sim, podes continuar. Autorizo-te a voltar de pé com nossas bebidas ♥”

Uma vez de volta com Arlequino, Jesteria continuou:

“E agora, meu amigo, venha até mim e ajoelhe-se que quero açoitar a sua cara com as minhas mamas” Tirando o seu corsete, Jesteria colocou-se frente a Arlequim que anuiu a ficar de joelhos para receber os seios da bailarina. “E então o que me diz das minhas mamas meu caro? ♦”

“São divinais! Adorava fazer delas minhas almofadas. Permita-me chupá-las um pouco… Parece que estou neste em desvantagem, minha amiga. Mas que importa ganhar ou perder quando se tem um tamanho par de seios bem redondinhos entre o focinho. Bem, parece que a Vanessa está de volta com nossas bebidas.”

De facto, a Vanessa voltou com uma caneca de cerveja e uma taça de champanhe, exibindo as marcas das palmadas dadas por Jesteria que o seu fio dental não permitia esconder.

“Ah, obrigado minha amiga” disse Arlequim, relutantemente deixando os seios da Jesteria para os trocar pela cerveja fresca. Mas Jesteria parecia não querer saber e pediu ao homem para novamente escolher entre verdade e consequência.

“Consequência” anuiu Arlequino.

“Pois bem, tire essa camisa e suas calças! Vanessa ajude-o ♥”

Arlequim tirou a camisa sozinho antes de deixar à Vanessa o cuidado de tirar as suas calças. Os boxers de Arlequim evidenciaram o seu estado de espírito e antes que algum comentário pudesse ser feito, ele pegou na Vanessa pela cintura e fez-lhe sentir as vibrações do seu caralho.

“Não fique tão vermelha escrava, gritou Jesteria, ajoelhe-se, lembre-se do seu lugar e namore os meus saltos. Agora Arlequino, venha até mim e beije-me novamente os seios ♥”

“Com muito prazer minha senhora.”

“Isso está a ficar interessante”; prosseguiu Jesteria; “mas coloca mais paixão nisso Vanessa, vê como o taco do meu sapato anseia a tua língua ♠”

A todos os passageiros, pedimos a vossa atenção (mensagem dada pela polícia pelo altifalante), a fonte trágica dos infortúnios de ontem ainda não foi averiguada. Suspeitamos que nem sempre as regras de segurança são devidamente cumpridas. Agradecemos a vossa compreensão e cautela.

“É a sua vez de escolher entre verdade ou consequência, meu caro ♦”

“Consequência. E sugiro-lhe que pressione os seus saltos contra o meu peito, não quero abusar da hospitalidade dos seus peitos.”

“Ansioso por punição? Com muito gosto mas precisa de pedir licença à nossa amiga ♣” Começou então a colocar cuidadosamente um dos seus saltos contra o peito de Arlequino antes de subitamente pressionar com tanta força que o equatoriano acabou por cair no chão. Levantando-se dirigiu o mesmo salto contra o seu pénis onde apertou suavemente antes de ser agarrada e puxada com violência pelas mãos de Arlequino para se encontrar com ele junto ao solo onde trocaram vários beijos ardentes.

“Vanessa, lamba o meu anus que eu vou foder essa vadia.”

Depois de a ter puxado pelos cabelos e colocado a Jesteria em cima da mesa, o Arlequino penetrou-lhe na cona, e com injúrias a espancou no rabo. A Vanessa hesitou um pouco antes de finalmente colocar a cabeça entre as pernas de Arlequino, com as mãos a tremer esticou-lhe as nádegas antes de enfiar o nariz e a boca no meio do seu buraco apertado.

“Ahhh que bom, eu sabia que você não resistiria muito mais  ♥”

“Amo as tuas pernas, os teus seios, a tua cona, os teus lábios, Jesteria!”

“Também amo os teus peitorais, os teus braços, o teu sorriso malandro, o teu pénis, o teu rabo! Continua assim e não pares! ♥

No entanto, Arlequino tinha parado.

“Acompanha-me agora Jesteria, mas mantém-te de quatro, vamos até à proa do barco, o caminho não é longo… Os teus cabelos vermelhos hão de servir de coleira, agora segue-me como uma boa gatinha…assim mesmo…agora pede-me para foder o teu cu.”

“Fode-me!  ♠”

Apesar das suas pernas irrequietas, Jesteria inclinou perfeitamente o seu rabo pronto para o que viesse a seguir.

Depois de algumas investidas, Arlequino interrompeu:

“Dá-me o teu batom Jesteria.”

Depois de ter dificilmente encontrado o batom, estendeu-o com uma mão a tremer. Agarrando no batom, Arlequino escreveu “Puta” na testa da amada..

“O quê que escreveste?  ♦

“Agora dá-me a tua carteira.”

“A minha carteira? ♦” Depois de alguma hesitação, Jesteria anuiu e entregou-lhe a carteira que já se encontrava fora da mala.

“Isso mesmo!”, Comentou Arlequim, suavizando o movimento de vai e vem. Ora vejamos quanto dinheiro temos aqui… Dois mil dólares… nada mal.” Depois de ter confirmado que a carteira continha igualmente cartões de crédito e outros documentos de identificação, Arlequino jogou a carteira para o oceano.

“Seu…seu monstro! O que acabaste de fazer? ♦”

“Silêncio ou diz-me o quanto queres que eu continuo a foder-te.”

“Pára de imediato seu psicopata. Mandaste mesmo a minha carteira para o oceano? ♣”

Com uma palmada bem dada, Arlequim retorquiu: “Silêncio” Antes de voltar a introduzir o seu membro na porta pequena da bailarina.

“Ahhhh…. Pára de imediato com isso, não quero mais saber!”

“Ouve lá minha vadia”; prosseguiu Arlequino depois de ter parado novamente; “Nós jogámos e visivelmente estou a vencer agora és minha e posso fazer de ti o que bem me apetecer.”

“Nos teus sonhos! Devolve a minha carteira e desaparece-me da frente antes que arranque o teu pénis com as minhas tesouras.”

“Já reparaste como é bonito navegar no Pacífico, Jesteria? Estamos a centenas de quilómetros da ilha mais próxima…”

Jesteria continuava perplexa sem compreender o que estava a acontecer.

“Mas calculo que a temperatura da água não seja das mais agradáveis para tomar banho.”

Dito isso pegou a Jesteria pela anca e ameaçou de a enviar para fora do barco.

“Pára! Enlouqueceste?”

“E as pessoas que morreram nos últimos dias, também te perguntaram se tinhas enlouquecido, Jesteria?”

“Não sei do que estás a falar mas pára de imediato com o que estás a fazer. Faço o que tu quiseres.” Suspirou na expectativa que o pesadelo terminasse o mais rapidamente possível.

“Neste caso coloca-te de quatro novamente, minha cara vadia, e abre-me melhor essas nádegas com as tuas mãos.”

“Como queiras…”

Depois de a foder vigorosamente num acto visivelmente não consentido, Arlequino acabou por ter um orgasmo dentro do buraco mais apertado de Jesteria.

As pernas de Jesteria tremiam por completo quando foi arrastada por cima do guarda-mancebo. Seu batimento batia descontroladamente nos seus próprios ouvidos, ao ponto de esquecer qualquer outro som a não ser o do batimento das ondas que pareciam ditar o final drástico à sua existência.

“Pára…Estás louco? Não faças isso! Por favor…” Pronunciou desesperadamente

“Tchau tchau ^^”

Apesar de criar alto, a barulheira e os jogos pré-nocturnos dos passageiros tornaram inaudíveis os últimos gritos da Jesteria. A água fria bateu então fortemente nos seus ferimentos ligeiros, mas a dor era desprezável perante a dor psicológica de ter sido de tal forma tratada.

Arlequino dirigiu um sorriso malicioso ao passar pela Vanessa, que ficou atônita, perguntando-se se estava a viver um pesadelo e sem qualquer capacidade de reação. Sem parar, Arlequino voltou para o bar onde se voltou a vestir, mas com outras roupas, pediu a outra empregada uma dose de pork assado com vegetais.

“Preciso de me ausentar por uns minutos, quando a refeição estiver pronta, ponha-a naquela mesa se faz favor.”

“Como o senhor desejar.”

Agora rápido, pensou Arlequino, preciso de ir ao meu quarto, não há muito tempo a perder! Depois de chegar ao quarto, abriu a janela e avistou a Jesteria num pequeno barco de remos que estava a ser arrastado pelo Entertainment. Este barco de remos estava efectivamente ligado por uma corda até à janela do quarto do Arlequino, que sem mais demoras começou a puxar paulatinamente na corda, encurtando assim a distância entre os dois barcos. Sem perceber como a providência lhe tinha proporcionado uma canoa, Jesteria começou a remar percebendo que alguém a estava a ajudar.

Há que notar que ainda ninguém, tirando a Vanessa que continuava sem reacção e o amigo do Arlequino, que tinha providenciado a canoa, rigorosamente mais ninguém tinha reparado que uma pessoa tinha caído à água ou na ausência da Jesteria.

Quando a canoa finalmente chegou debaixo dos quartos dos passageiros, olhou para cima mas apenas reparou numa janela aberta, de onde visivelmente estavam a tentar trazê-la de volta, instintivamente agarrou-se. Desfez a ligação entre a canoa e a corda e segurou-se a essa última. A distância entre ela e essa janela continuava então a diminuir, até finalmente, agarrar uma mão estendida que a colocou de volta do Entertainment. A sua respiração continuava ofegante; começou então a tossir antes de aceitar uma garrafa de água que lhe era estendida. Bebeu metade da garrafa num só traço e quando estava prestes a agradecer, apenas identificou uma silhueta que tinha acabado de sair do quarto.

Entretanto a polícia tinha sido informada do acidente – ou do crime – e os binóculos dos agentes tentaram em vão encontrar o corpo de uma pessoa deixada por trás há alguns minutos.

Quando Arlequino regressou ao Justine, a empregada de mesa avisou:

“Olhe, sua comida já está em cima da mesa, não a deixe arrefecer.”

“Agradeço, traga-me uma cerveja para acompanhar. Obrigado.”

Enquanto saboreava o porco com vegetais, dois polícias interromperam a refeição de Arlequino.

“Boa tarde, senhor Arlequino, presumo? Parece que há uma hora atrás, uma conhecida mulher, a bailarina Jesteria, caiu no mar perto deste bar. O senhor por acaso ouviu alguma coisa?”

“Desculpe-me, a famosa bailarina Jesteria caiu ao mar? Estive com ela ainda há pouco…”

“Parece que ela foi lançada ao mar por um indivíduo que aparentava ter as suas características físicas. Pelo que contam, o senhor terá sido a última pessoa a estar com ela.”

“Lançada ao mar? Diga-me que estão a fazer buscas! A morte e Jesteria seria uma tremenda perda para o entretenimento de nós outros, passageiros.”

“Infelizmente não a conseguimos localizar.” Comentou o primeiro oficial, entregando-lhe um papel com alguns nomes. “Essas pessoas podem testemunhar a sua presença com ela e não apenas neste bar.”

O segundo polícia acrescentou:

“Também encontrámos manchas de sangue e sinais de luta perto da proa do navio, o que nos leva a concluir que não se trata de um mero acidente.”

“Acredito e espero que tudo não passe de um mal-entendido. Por aqui esse tipos de jogos são frequentes entre os passageiros.”

“Infelizmente temos outros motivos para acreditar que não se tratou apenas de um jogo erótico. De qualquer forma, se houve homicídio, o criminoso só pode estar no barco. Fugir com um barco a remos é inconcebível. Senhor Arlequino, se se lembrar de mais alguma por favor entre em contacto connosco.” Disse o oficial com desconfiança mas num tom diplomático.

“Com certeza meus senhores. Não é o meu trabalho, mas se realmente houve crime, acredito que o assassino estará escondido no barco, e não por onde estou a aproveitar uma refeição.”

Sem querer comentar a orientação sugerida, os dois polícias agradeceram pela cooperação antes de desaparecerem.

“Moça, a comida estava óptima. Um whiskey por favor.”

A garçonete agradeceu com um sorriso antes de servir a bebida ao cliente. Enquanto saboreava o seu whiskey, Arlequino engasgou-se ao avistar Jesteria à sua frente, fitando-o com um olhar repleto de ódio e reprovação.

“Hey Jesteria! Como fizeste para voltar ao barco?”

Jesteria estremeceu de vergonha com o tom da voz do seu estuprador, seus olhos percorrendo os dele como um animal preso prestes a virar predador.

“Eu…não sei.” Limitou-se a gaguejar.

“Não sabes quem te trouxe de volta ao barco?”

“A tripulação…eles me encontraram a flutuar na água e…trouxeram-me de volta” Respondeu a bailarina sem querer narrar precisamente o que tinha acontecido antes de se aproximar de Arlequino com uma faca na mão que pretendeu dissimular.

“Ah, pensei que fosse um dos teus trucos de magia. Jesteria, estás bem?”

“Sim…estou bem.” Respondeu com a mão atrás das costas antes de acrescentar: “Foste tu, não foste?”

“Fui eu que…? Não me pareces estar muito bem. E essas roupas masculinas não combinam contigo. Por favor, vai-me comprar outras roupas. Ah, por falar em comprar, tenho aqui o teu dinheiro. E a tua carteira. Como podes ver, não és a única mágica entre os passageiros.”

Depois de pegar na carteira sem emitir qualquer comentário, Jesteria deu meia volta. Arlequino perguntou-lhe porém se tinha acontecido alguma coisa e acrescentou que os polícias andavam à procura dela.

“Não quero saber e não preciso da tua ajuda” Limitou-se a adicionarJesteria sem parar de caminhar.

“Recomendo-te um bom banho para remover essas marcas de batom que tens na testa.”

“Vai-te foder!”

Que falta de sentido de humor pensou sinceramente Arlequino, antes de perguntar à garçonete:

“Moça, poderia fazer o favor de se juntar a mim? Traga-me mais um whiskey se faz favor e uma bebida para si.”

Depois da empregada consentir, a nossa personagem perguntou:

“Jesteria pareceu-me muito exaltada. Por acaso conhece o motivo?”

Depois de hesitar por um momento, pensando no que havia de dizer perante um cliente tão perigoso, a garçonete disse:

“Bem, eu ouvi sobre o que aconteceu… entre o senhor e ela. Não quer… uma sobremesa? Temos um delicioso bolo de chocolate que acabou de sair do forno.” Perguntou a garçonete, procurando mudar de assunto.

“Manda vir um para ti. Fala francamente, parece-me que tens jeito para entender as pessoas. O que se passa na mente dela neste momento?”

“Obrigada… pelo bolo, senhor. Bem, para falar sinceramente, Jesteria é uma mágica famosa… Conhecida pelos seus comportamentos frios e imprevisíveis. Digo… Não é fácil para uma rapariga como eu lidar com clientes…como vocês. Ela não é o tipo de pessoa que se deixa manipular ou controlar. Então quando o senhor a forçou a… Bem, acho que ela se sente humilhada e aterrorizada… e talvez se sinta envergonhada por ter…perdido o controle da situação. Mas não se preocupe, senhor, acho que ela não contará isso a ninguém. Seu orgulho está ligado à sua reputação de… ser responsável pela morte de algumas pessoas.”

“Mas porquê que ela simplesmente não toma um bom duche e esquece o que lhe aconteceu?”

“Eu…não posso dizer com certeza, senhor. Mas ela é uma mulher obstinada. Pode levar bastante tempo para ela…se recuperar. Digo…processar o que se passou e seguir em frente com o que se passou… Eu não sou boa com as palavras, senhor, entende o que quero dizer?”

“Moça… acabei de perceber uma coisa. Qual é o teu nome?”

“Charlotte.”

“Obrigado, Charlotte. Acredito que entendo melhor a Jesteria agora.” Disse enigmaticamente Arlequino com o olhar perplexo para o horizonte do mar e o cigarro esquecido em sua mão. Antes de finalmente perguntar:

“Diz-me, Charlotte, gostas do teu trabalho?”

“Não é…o meu trabalho de sonho, mas o salário é bom, permite-me viajar e…conhecer pessoas como vocês.”

“E que tipo de trabalho gostarias de ter?”

“Sempre quis…ser estilista. Mas não tenho dinheiro nem contactos. Além disso…não é propriamente uma carreira muito estável. Acho que já renunciei a esse capricho.”

“Nunca se deve renunciar aos caprichos, Charlotte. Da mesma forma, ou quase, que não se deve renunciar aos sonhos. Eu por acaso acho que tens jeito para o teu trabalho de empregada de mesa, mas se também tens jeito para desenhar roupas e preferires esse trabalho, tens de fazer por isso. Não tenho muitos contactos na área mas conheço um amigo que certamente te poderá dar uma ajuda. Por falar nisso, talvez me possas ajudar a escolher uma roupa elegante para a Jesteria?”

“Com muito gosto, senhor Arlequino, ficaria honrada. Que cores e tipo de roupa pretende oferecer-lhe?”

“Escolhe tu, mas qualquer coisa elegante. Vai agora, falo com o teu patrão se for necessário.”

“Há poucos clientes, vou agora mesmo. Tem preferência por alguma marca?”

“Trata-me por tu Charlotte. Não conheço marca alguma. Pega nesse dinheiro, compra-lhe qualquer coisa de bonito e fica com o que sobrar para ti.”

“Obrigada Arlequino. Volto, digo…encontramo-nos aqui…daqui a uma hora?”

“Parece-me bem, não tenhas pressa.”

“Até já.”

Uma hora depois, Charlotte voltou carregando um vestido para a Jesteria.

“Comprei esse vestido parcialmente feito de seda, julgo que a senhora Jesteria ficará contente. Tenho aqui o troco, custou…”

“Não quero saber. Parece-me impecável. Assenta na perfeição com as suas curvas. Boa escolha!”

“Obrigada Arlequino.”

“Obrigado eu. Charlotte, tens algum fetish?”

“Algum…fetish? Sexual…como os passageiros costumam praticar… queres dizer? Eu sou uma moça simples… e…”

“Seria preferível não partilhar algo tão íntimo com um psicopata como eu? Era mera curiosidade, Charlotte, não fiques tão vermelha.”

“Eu gosto de…roleplay.. como vocês chamam. Gosto de fingir que sou outra pessoa. Uma enfermeira ou uma empregada doméstica, por exemplo.”

“Empregada doméstica soa-me bem! Já alguma vez vestiste um outfit apropriado?”

“Não, Arlequino… E embora… gostasse de experimentar esse jogo, como disse sou uma moça simples.”

“Quando acabares o turno passa pela minha cabine. Se quiseres.”

“Vou…pensar nisso Arlequino.”

Depois de passear pelo barco, Arlequino acabou mesmo por comprar um vestido de maid, dos mais tradicionais mas com ligas e uma saia curta. O que, diga-se de passagem, não era o que faltava nas diversas lojas eróticas que habitavam o barco. Quando finalmente decidiu voltar para a sua suíte, Arlequino foi abordado pelos mesmos policias de há bocado.

“Senhor Arlequino, encontrámos a miss Jesteria. Ainda não prestou muitas declarações mas sabemos que ela efectivamente caiu na água. Sabemos que o senhor voltou a vê-lá. Temos de lhe fazer algumas perguntas, e recomendo-lhe que tenha cuidado com as suas respostas.”

“É verdade, encontrei-a há bocado, no mesmo lugar onde falei convosco. Foi logo depois, aliás. Ela pareceu-me bastante exaltada mas sem lesões preocupantes.”

“E qual foi a natureza da sua conversa com a Jesteria? Ela mencionou alguma coisa sobre ter sido atacada?”

“Não. Mas deu para perceber que ela foi mesmo enviada para o oceano contra a sua vontade. Oups… não tenho a certeza que ela queira que se saiba. Poderá preferir dizer que caiu acidentalmente. Sei lá…só trocamos umas palavras, nada de mais. Imagino que ela esteja neste momento no quarto. Algo mais?”

Os polícias olharam um pelo outro sem saber o que fazer com as respostas sinceras do passageiro equatoriano.

“Bem, agradecemos a sua cooperação” Respondeu finalmente o oficial. “Mas se ouvir mais alguma coisa relacionada com o sucedido entre em contacto connosco imediatamente.”

Uma vez no quarto, Arlequino sentou-se na poltrona para ler quando pouco depois alguém tocou à campainha:

“Entre.”

“Oh, olá, o meu turno acabou.”

“Charlotte! Entra, olha, comprei esse vestido de empregada doméstica. O que te parece?”

“Um pouco… provocante…. digo, giro mas provocante.”

“Experimentá-o, tenho a certeza que assenta-te como uma luva.”

“Realmente acho que…me fica bem. Obrigada. Por onde devo começar a limpar?”

“Ficas lindíssima! Preciso com alguma urgência que ponhas as minhas roupas a lavar. De resto, remover o pó da sala será suficiente.”

“Como desejar.”

Uns minutos depois, Charlotte voltou para Arlequino.

“Essas roupas estão manchadas… com sangue. Devo lavá-las separadamente?”

“Acredito que seja melhor, obrigado Charlotte.”

“Não tem problema” Respondeu Charlotte com uma voz suave e convidativa. Depois de esfregar com muito sabão para tentar remover as nódoas de sangue, Charlotte voltou para a sala onde começou a limpar o chão movendo o seu traseiro de modo a procurar a atenção do seu senhor. Arlequino que até então dividia a sua concentração entre o livro que segurava nas mãos e a Charlotte que sensualmente lhe limpava os aposentos, não pôde aguentar mais quando viu “a empregada doméstica” ajoelhar-se para limpar o pó que estava debaixo de um armário. Levantou-se e pousou o livro, caminhou calmamente até Charlotte e depois de remover das suas mãos os objectos de limpeza (o autor não sabe os nomes… uma esponja parece-me sensual mas será apropriado?), Arlequino acariciou o cabelo de Charlotte antes de suavemente a beijar. Com os lábios ainda em contacto ajudou-a a levantar-se, antes de lhe beijar e morder o pescoço. Charlotte agarrou na camisa de Arlequino que depois de lhe acariciar os seios, se abaixou para remover o fio dental da linda rapariga e lember-lhe a cona. Depois de gemer em silêncio, Charlotte pressionou a cabeça de Arlequino, incentivando-o a não parar com as carícias bocais. Pressionou então a perna direita contra o sexo do amante para lhe medir o entusiasmo. Numa fracção de segundos, este último levantou-se e, depois de lhe aplicar várias palmadas no rabo, empurrou-a para a cama. Rapidamente, mas sem se precipitar, Arlequino removeu as suas roupas e subiu para cima do corpo da Charlotte, beijando-lhes os seios antes de finalmente a penetrar.

Um orgasmo depois – é uma unidade de tempo como outra qualquer, variável, felizmente – Charlotte levantou-se da cama, corando levemente de vergonha. Vestiu-se e com alguma relutância, acabou por aceitar o dinheiro que Arlequino lhe oferecia por o ter ajudado a “limpar as suas roupas”.

No dia seguinte Arlequino ainda teve tempo de passear na ilha de Páscoa, famosa pela estátuas Moais, cuja construção continua ainda hoje um mistério para os historiadores. Regressou pouco depois do meio-dia para almoçar no Musset. Enquanto o Entertainment zapava (levantava âncora para navegar mais a sul), Arlequino reparou que os empregados, e alguns clientes, evitavam olhar directamente para ele, exactamente como faziam com Jesteria. Por não avistar esta última no barco, Arlequino supôs que havia de a visitar para saber se está tudo bem com ela. Passou por casa para pegar no vestido que lhe queria oferecer e finalmente bateu à porta dos seus aposentos. Jesteria abriu, vestida de pijama.

“Ah, ainda estavas a dormir, cara amiga?”

“Não.”

“Neste caso deverias abrir os cortinados, está um dia lindíssimo!” Dirige-se até à janela e abre as persianas.

“Fecha isso, ainda estava deitada.”

“Vê-me esse céu azul! havias-de apanhar ar.”

“Vai-te embora já, antes que eu mude de ideias!” Ameaçou Jesteria pegando lentamente no chicote.

“E se eu não for?”

“Deixa-me em paz.”

“Jesteria, ontem falei com a Charlotte, a rapariga que nos serviu bebidas ontem, e percebi uma coisa. Quero te pedir….” Olhou para o saco que trazia o vestido que pretendia oferecer à sua Jesteria. A estrela bailarina limitou-se a olhar para ele com um olhar inquisidor.

“Queria apenas… te pedir um pequeno favor mas deixa lá… Não fiques a deprimir, não te fica bem.” Concluiu finalmente Arlequino antes de sair.

A Ilha de Páscoa já tinha desaparecido do horizonte quando Arlequino permanecia absorto em seus pensamentos, perguntando-se se tinha ou não feito bem em não pedir desculpas à Jesteria. A próxima escala será na Patagônia… Será que a Jesteria vai recuperar até lá? Duas silhuetas já conhecidas do psicopata equatoriano se aproximavam com um ar sério.

“Boa tarde, senhor Arlequino. Precisamos de lhe colocar mais perguntas.” Afirmou um dos polícias.

“Relacionado com a Jesteria, novamente? Fui ter com ela hoje” Respondeu apressadamente Arlequino, antecipando. “Ela não estava muito bem, mas pareceu-me melhor do que ontem à noite. Bem, o que querem saber?”

“Onde é que viu a Jesteria pela última vez?”

“Fui visitá-la ao quarto dela.”

“E o que aconteceu quando a visitou?”

“Ela não… ficou feliz por me ver. Ela provavelmente está chateada comigo e quer estar sozinha.”

“Agradecemos a sua honestidade. Tem alguma ideia de porque ela está chateada consigo?”

“Mais ou menos. Quero eu dizer…ela está a exagerar. Não… agora que penso melhor, ela até está bastante bem tendo em conta o que lhe fiz ontem. Estou a tentar ajudá-la a recuperar-se.”

“Agradecemos a sua preocupação com o bem-estar dela. Porém, é importante que compreendamos todos os aspectos deste caso para fazer justiça. Há mais alguma coisa que nos possa contar sobre as suas interações com a senhora Jesteria?”

“Posso contar mais mas… não sei se entendo bem o que vocês procurem.”

“Estamos à procura de qualquer informação que nos ajude a compreender o que aconteceu.”

“Falaram com ela hoje? O que vos pareceu?”

“Conversámos com ela esta tarde, visto que de manhã ela se recusou a sair da cama. Ela afirma que caiu sozinha no oceano e que tudo não passou de um acidente. No entanto, ainda estamos a investigar minuciosamente. Não seria a primeira vez que uma donzela se recusa a falar verdade por medo de represálias. Já ouviu falar no síndrome de Estocolmo?”

“Claro, mas não creio que seja o caso da Jesteria. Diria antes, todavia, que, orgulhosa como ela é, se não foi um acidente ela certamente preferiria não o dizer. Qual é a vossa opinião?”

“Nosso trabalho consiste em reunir factos e apresentá-los ao tribunal. Temos as nossas suspeitas, mas devemos permanecer objetivos na nossa investigação. Mais uma vez, senhor Arlequino, obrigado pela sua colaboração.”

Depois desse novo encontro com os polícias, Arlequino foi ao bar, ver se encontrava a Jesteria ou a Charlotte.

“Olá Charlotte, como vais?”

“Está tudo bem Arlequino, e contigo? Dormiste bem?”

“Sim, muito bem. Viste a Jesteria hoje?”

A Charlotte estremeceu um bocado ao vê-lo novamente perguntar pela Jesteria, antes de simplesmente responder:

“Ainda não a vi hoje.”

“Eu visitei-a por volta do meio-dia. Ela pareceu-me estar um pouco melhor mas ainda não é a mesma Jesteria que conhecemos. Sabes de alguma coisa que eu possa fazer por ela?”

“Dar-lhe tempo… Mas, Arlequino… estamos a falar da Jesteria. Tem cuidado…Ela pode ser…imprevisível, percebes? Não és o único capaz de ir aos limites… Não quero que nada de mal te aconteça… Eu ouvi falar sobre aqueles desgraçados que tentaram brincar com ela mais cedo. Acho que a polícia ainda não fez a ligação com os acontecimentos… Digo… não a acuso de nada… E não sei o que se passou exactamente, mas… sinto-me mais segura contigo do que com ela, e já me assustas bastante.”

“Desculpa lá ter puxado o assunto. Esquece isso e arranja-me um café que quero aproveitar a esplanada para ler um livro.”

“Arlequino, acredito… que ela seja capaz de fazer tudo para se vingar. Tenho um mau pressentimento.”

“A sério? Ainda bem que não lhe pedi desculpa então. Parece mais divertido ♠”

“Arlequino…”

“Hoje também trabalhas até às dez da noite?”

“Não. Hoje já estou… quase de saída. Amanhã faço o turno da noite.”

“Ah! E o que achas de me ajudares a limpar a casa de banho hoje?”

“Eu não sei… talvez. Deixa-me acabar o trabalho e já vejo, pode ser?”

“Claro, Charlotte. Mas está tudo bem?”

“Está tudo bem. O teu café. Boa leitura.”

Não dá para ler muitas páginas em quinze minutos, mas é necessário estabelecer prioridades, pensou Arlequino quando, finalmente, viu a Charlotte, meia envergonhada:

“Tudo bem, Arlequino, já acabei o meu turno, queres que eu… te ajudo a limpar a casa de banho?”

“Agradecia.”

Uma insegurança maior ainda que a do dia anterior ganhava o corpo de Charlotte enquanto ela acompanhava Arlequino. Apesar de se ter mostrado um ser amante doce, Charlotte sentia-se inexplicavelmente insegura. Quando finalmente chegaram ao corredor que dava para a suite de Arlequino, os dois polícias do costume – visivelmente mais stalker que os próprios stalker – conversavam frente à porta de Arlequino.

“Ah, senhor Arlequino, encontramo-lo novamente. Tem notícias da miss Jesteria?”

“E posso saber o que os senhores estão a fazer à porta da minha cabine?”

“Deixamos um guarda frente aos aposentos da Jesteria mas inexplicavelmente ela parece ter desaparecido. Acabei de enviar um agente para o bar que o senhor costuma frequentar para lhe perguntar se não se importava de nos deixar verificar se encontramos algo de suspeito nos seus aposentos.”

“Estejam à vontade mas não a vi mais desde hoje de manhã.”

“Agradeço a sua colaboração.”

Pouco tempo depois o oficial prosseguiu:

“Não encontramos nada de suspeito, pedimos desculpa pelo incómodo. Sabe, senhor Arlequino, segundo os mais recentes relatos que obtivemos, o senhor foi a última pessoa que esteve com a Jesteria antes de ela cair no guarda mancebo. Não existe nenhuma queixa crime, mas o nosso dever de assegurar o bem-estar dos passageiros nos obriga a mantê-lo sob vigilância. Espero que entenda que o não estou a acusar de nada e caso conteste as minhas insinuações poderá ir ao nosso posto para que uma análise ao seu sangue seja feita.”

“Não é que eu tenha mais que fazer mas certamente vou me esquecer de assim proceder. Seja como for, o que me importa é o bem estar da Jesteria.”

“Quanto a isso, posso apenas dizer-lhe que, apesar de ter desejado confirmar que a Jesteria não se encontrava nos aposentos do senhor, o meu instinto me diz que ela saiu da sua cabine por conta própria. O que me leva a pensar que ela deve andar a tramar qualquer coisa. Ouviu falar sobre os corpos ensanguentados encontrados no outro dia?”

“Vagamente, sim.”

“Acreditamos que a Jesteria tenha cometido vários homicídios por negligência, por não cumprir as normas de segurança dos vossos jogos eróticos. Continuo sem perceber como a Jesteria foi salva. Gostaria de me elucidar a esse propósito, senhor Arlequino?”

“Parece-me…que se trata de uma curiosidade sua e não de uma necessidade laboral. Se assim for, posso dizer-lhe o que sei, porém, por enquanto, caso não tenha percebido (apontado para a Charlotte), tenho prazeres prioritários.”

“Como desejar. Mas permita-me dar-lhe um conselho. Não se meta com a Jesteria. Ela é perigosa.”

“Pode deixar ♥*”

*Parece que, de facto, Arlequino adquiriu a indesejável tendência da Jesteria. Ao pontuar suas frases com símbolos de cartas.

Depois de os policiais abandonarem a cena, Arlequino reparou na expressão insegura da Charlotte.

“Está tudo bem, Charlotte?”

“Não…quer dizer, sim, mas… se não me levares a mal…prefiro retirar-me.”

“O quê que se passa?”

“Nada… apenas sinto que deves resolver as tuas coisas com a Jesteria primeiro. Eu… vou me embora… vemo-nos amanhã.”

Sem perceber a reação da Charlotte, Arlequino limitou-se a constatar que ela desistiu da ideia de o acompanhar no quarto por causa da intervenção dos polícias. Finalmente decidiu dirigir-se para outra esplanada para ler o seu livro. Todavia, no corredor que leva ao convés superior, Arlequino foi subitamente atacado por um braço que lhe fez uma gravata antes de o estender ao chão. Quando se recompôs viu a Jesteria com um olhar ameaçador.

“Apanha ♥”

“Isso parece-me ser um daqueles equipamentos capazes de imobilizar alguém através de uma descarga elétrica.”

“Uma arma de eletrochoque. Passou-me pela cabeça usá-la contra ti ♥”

“E porque não o fizeste?”

“Porque acho mais divertido usar apenas… esse meu chicote!” Ao revelar o seu chicote, Jesteria atinge com ele a cara de Arlequino.

“Parece ameaçador. E tem a vantagem de não deixar cicatrizes.”

“Diz-me, Arlequino, preferes morrer agora, ou depois? ♦”

“Depois.”

“Então ata essa coleira ao teu pescoço e segue-me ♥”

“Para onde vamos?”

“Não é obvio? Para a proa do barco!”

“Ah.”

“Alguma reclamação? ♦”

“Nenhuma. Ficas bonita vestida de vermelho.”

Depois de chegarem ao Justine, Jesteria pediu um copo de vinho tinto com a nonchalante que lhe era habitual, escondendo o excesso de excitação que passava pela sua mente. Depois de beber metade do copo, cuspiu para dentro antes de finalmente entregar o copo ao Arlequino que se tinha sentado a uma mesa, tentando ocultar sem remover o humilhante colar que trazia no pescoço.

“Bebe ♠”

“Jesteria pareces-me particularmente exaltada hoje. Não te queres sentar?”

“Eu disse bebe!”

“Bem, se isso te faz feliz…”

Jesteria empurrou levemente o copo do seu rival, o que fez com que ele derrubasse metade do vinho para cima da roupa.

“Agora, segue-me vamos para o local do crime ♠” Ameaçou Jesteria, apontado para a proa do barco onde tinha sido violada e finalmente lançada para o oceano na véspera. Surpreso e hesitante por uns segundos, Arlequino finalmente consentiu.

“Agora tira essas roupas sujas de vinho e expõe as tuas costas. Não me importa saber se ficas ou não com frio ♣”

Depois de desvestir o casaco e a camisa, Jesteria prendeu as duas mãos de Arlequim à estrutura de protecção do barco.

“Prepara-te!” Ameaçou Jesteria posicionando o seu chicote na cara de Arlequino. Sem esperar pela resposta do seu objecto de ódio, Jesteria aplicou-lhe três fortes chicotadas, deixando visíveis marcas nas costas da sua presa. Antes de acrescentar:

“De joelhos ♠”

“Calma…”

“Doi? De joelhos eu disse!  ♠”

Uma vez de joelhos, Jesteria aplicou mais umas chicoteadas deixando as costas de Arlequino ainda mais vermelhas. Puxou-lhe então pelo cabelo, antes de lhe morder o pescoço e finalmente massagear levemente as suas costas com o seu peito ainda coberto pelo seu soutien-gorge. Finalmente desabotoou-lhe as calças e puxou-as para baixo juntas com a sua roupa interior. Depois de acariciar os músculos do rabo, deu-lhe uma dezena de palmadas com as mãos.

“Mais, se assim quiseres, Jesteria, estou a gostar”

“E assim, também gostas? ♥” Administrou-lhe agora várias chicoteadas no rabo.

“Mais ou menos…prefiro com a mão, miss Jesteria.”

“Miss Jesteria, já está melhor, mas ainda não te vejo suficientemente submisso ♥” Dito isso, Jesteria deu alguns pontapés no rabo de Arlequino. Depois de uma pequena ternura dada com as mãos para remover parte ‘as dores, dirigiu o taco do seu salto no cu antes de o introduzir sem pedir autorização.

“Foda-se és louca! Isso… dói imenso…” Proferiu Arlequino contorcendo-se de dores.

Entretanto, inúmeros curiosos passageiros ajuntaram-se, não querendo perder esse jogo que parecia extremamente divertido entre dois dos passageiros mais carismáticos do Entertainment.

“Tudo bem, eu paro. Suponho que prefiras algo maior ♦”

Dito isso, Jesteria colocou-se frente a Arlequim, tirou a saia e o fim dental antes de lentamente e progressivamente se masturbar. Até finalmente agarrar na cabeça dele e o obrigar a lember-lhe a cona.

“Usa-me essa boca que não havia de servir para mais nada a não ser para me beijar os lábios de baixos…ah…que bom…continua…meu escravo…sim…mete a língua mais fundo…ah…que bom é submeter-te aos meus desejos… ah… estou a ter um orgasmo…chupa-me todinha, meu cachorro… Que bom…Sabes ser útil quando queres ♥”

“Foi um gosto servir-te Jesteria.”

“Quem te permitiu tratar-me por tu? Ao contrário de vocês homens, não nos deixamos, nós mulheres, adormecer por um mero orgasmo” Disse Jesteria com olhos severos e batendo-lhe no rosto. “Agora vê bem o que tenho para ti…acho que vais gostar ♠”

Tirou do saco um strap-on apresentando-o ao indefeso Arlequino antes de bater com ele levemente na sua cara para ainda mais o denegrir. Por fim, vestiu o objecto que para além da dor havia de humilhar ainda mais o Arlequino. Sem mais demoras, começou a foder o seu rabo com a mesma intensidade que ele a tinha copulado na noite anterior.

“Pára imediatamente com isso” Suplicou Arlequino

“E tu pára de reclamar”, respondeu Jesteria com um cuspo na sua orelha. “Eu sei que tu gostas, não me mintas ♥”

“Ai…foda-se! pelo menos faz isso em privado e…ai…com mais carinho.”

“Já estás a sangrar… Estou desiludida com a resistência do teu corpo. Toma mais fundo. Faz-te bem. É para aprenderes. Sabe tão bem causar-te dor desta forma, à frente de tantas pessoas, meu Arlequino ♥” Acrescentou Jesteria antes de novamente o morder no pescoço e lember-lhe o rosto. “Bem, já chega, suponho… ou queres mais? Oh mas o teu pau está bastante erecto… Se quiseres que eu continuo é só pedir meu escravo ♦”

“Acho que já basta, minha dona”

“Minha dona? até que enfim, que aprendeste o teu lugar ♣” Arrumando  o brinquedo na sua bolsa, antes de o limpar, Jesteria voltou a colocar-se frente ao Arlequino com a cona ainda húmida e excitada pelos prazeres sádicos que infligiu à sua víctima.

“Agora…adivinha lá o que te aguarda, meu tarado ♣”

“Já percebi que queres marcar o teu território… Mija-me lá em cima de uma vez por todas.”

“Não queres pedir por favor? Mostra alguma gratidão ♦”

“E porque raio haveria de mostrar gratidão?”

“Por eu preferir vingar-me a desprezar-te ♠”

“…Tudo bem, minha princesa, peço-lhe para que mije sobre o meu corpo em sinal da minha gratidão por me mostrar tão resiliente.”

“Abre a boca ♥”

“Não!”

“Como preferires ♣” E Jesteria urinou na cara de Arlequino, o líquido amarelo deslizou pelo corpo até às pernas.

“Bem agora, suponho que me possas libertar.”

“Deves estar a gozar? Tenho uma última prenda para ti. A maior de todas. Estás a ver esse meu batom vermelho? O que queres que eu escreva nas tuas costas? ♦”

“Se souberes desenha um dragão poderoso ou algo do género.”

“Ahah… tenho outra ideia…♥”

“O que raio escreveste sua…”

“Sua? ♠”

“Minha admirável dona. Podereis dizer-me o que escreveste nas minhas costas?”

“Posso” Sorriu maliciosamente Jesteria. “Por favor cuspe na minha cara.”, foi o que escrevi. Venho te buscar amanhã de manhã, isto é, por volta do meio dia… Se não morreres de frio até lá. Um último pedido escravo? ♦”

“Acrescenta “mulheres” nas minhas costas. É o meu único pedido e não hei-de morrer tão facilmente.”

“Acho que posso me mostrar simpática. Serviste-me bem, afinal. Tudo bem, está feito. Deixa-me só salientar melhor essa coleira ao teu pescoço que é para não ficares totalmente nu. Fica-te bem. Agora, meu caro amigo. aproveita a noite. será certamente uma das últimas antes de entrarmos no círculo polar. Espero que não morras ♠”

Dezenas de mulheres lhe cuspiram no corpo, algumas na cara, e até dois ou três homens que não leram bem, ou não quiseram ler bem, também cuspiram sobre Arlequino. Finalmente, pelas duas da manhã, o oficial polícia, visivelmente preocupado com a gravidade que os jogos sexuais por vezes tomava, dirigiu-se ao Arlequino, perguntando se aquilo tudo era consensual. Depois, de uma breve conversa de homem para homem, o polícia, foi buscar uma cerveja que fez beber ao Arlequino, uma vez que ele continuava com as mãos presas e colocou-lhe por cima das costas um cobertor para que ele “não se constipasse.”

No dia seguinte, por volta do meio dia, Jesteria apareceu observando os maus tratos a que tinha sido sujeito o seu agressor.

“Quem raios teve a negligência de te fornecer um cobertor? Acorda meu amigo…Estás com péssimo aspecto. Já é meio dia. Vou-te libertar. Ou espera… Por outro lado, creio que a grande maioria dos passageiros ainda está a dormir. Quero que eles vejam que ficaste aqui preso durante toda a noite. Queres beber mais alguma coisa? Ainda não fui mijar hoje. Estou a brincar, relaxa, vou-te buscar um copo de água ♣”

Depois de trazer uma caneca de água e de a empurrar pela garganta de Arlequino, Jesteria, pediu-lhe para esperar mais duas horas assim preso, e que depois o libertaria. Em tom de agradecimento, Arlequino ofereceu-se para lhe beijar os sapatos, com um tom sobranceiro, de quem estava disposto a suportar bem mais, dizendo-lhe que estava bem e que não havia necessidade de ela se ter levantado tão cedo.

Duas horas depois, Jesteria finalmente libertou Arlequino.

“Bem, suponho que já não preciso mais de “vestir” isso ♠” disse apontando para a coleira enquanto a tirava. “

“Jesteria, vou para o meu quarto dormir… Vemo-nos por aí.”

“Bom descanso meu querido Arlequino ♥”

Como derradeiro ultraje, Arlequino ainda teve a ousadia de remover o cobertor, revelando a mensagem escrita nas costas e as marcas sangrentas do chicote. Pegou nas suas roupas e sem nenhuma expressão peculiar desceu até ao quarto onde, emfim, tomou um banho vigoroso de água quase a ferver antes de comer uma sandes que encontrara no seu frigorífico. Consumido pelo cansaço dos episódios recentes, deitou-se na cama onde mergulhou num sono profundo até ao alvorecer do dia seguinte.

*Eu sei que prometi não intervir mais, mas ainda escrevo o que me apetece. Como muita gente sabe, existe em Grego Antigo várias palavras principais para “amor”. Muitas permanecem nos dicionários e costumes da Grécia contemporânea, mas importa-me aqui detalhar o seu significado mais originário:

– ἔρως (eros), de onde provém a palavra erotismo, e significava o amor romântico e sexual entre dois amantes. É o desejo de carne crua. 

– ϕιλία (philía) de onde deriva filosofia, por exemplo; isto é; gostar+saber, ou gostar de saber. Filae representa o amor fraterno e a amizade límpida como a água. Entre um casal, eu diria que também pode ser empregue quando os parceiros andam de mãos dadas ou conversam no jardim.. 

– ἀγάπη (agápē) é usualmente associado ao amor incondicional. Tal como philía, não é necessariamente associada ao amor sexual entre duas pessoas. Há um pouco de agapé quando se ajuda uma pessoa que vive na rua, ou em maior dose quando sacrificamos parte das nossas vidas para os nossos filhos ou a arriscamos por amor à pátria. Num casal, eu gosto de pensar que se trata da sublimação de um desejo corpóreo e concreto para uma névoa espiritual e intemporal. 

Para alguns filósofos, essas três palavras formam a trindade do amor.

Relativamente ao amor familial, porém, os gregos tinham outra palavra: στοργή (storgé)

O fenómeno, “stalker”, não é de todo contemporâneo. Em grego dizia-se   μανία (mania), pouco em voga na língua Portuguesa (mais usada em Francês) exprime hoje em dia a noção de loucura ou de um desejo imoderado. Acabo de descobrir que Mania era a deusa etrusca da morte. Interessante. Para uma reflexão filosófica sobre as virtudes e defeitos da mania, recomendo a leitura do Fedro de Platão. Existem outras mais palavras, mas não me parece relevante mancioná-las aqui. 

Apenas acrescento que a palavra pornografia vem do grego , (porné, ou seja prostituta) e  (gráphein, ou escrever). Contrariamente ao que eu pensava, parece que porné vem de πέρνημι (pérnēmi), palavra que existe igualmente em mais línguas proto-indo-europeias. Pérnemi é usualmente associado ao acto de vender, no entanto, acabei de ler um artigo interessante, que não me parece de todo relacionado com o conto, e por isso deixo apenas a referência. 

Depois de um leve passeio matinal e de uns mergulhos na piscina, Arlequino almoçou e tomou café no Justine onde se deparou com Jesteria:

“Boa tarde Arlequino, vejo que estás visivelmente recuperado, como te sentes?”

“Tenho o corpo dolorido, dói-me tanto em todo lado que não sinto coisa nenhuma. Mas até diria que me sinto bastante bem.”

“Ahah… Posso me juntar a ti?  ♦”

“Claro, pega uma cadeira, Jesteria. Estás particularmente linda hoje. E tu, como te sentes?”

“Muito bem, meu amigo ♥” Disse ao esticar as pernas sobre a mesa, revelando boa parte do interior da sua saia larga.”

“Alegra-me ver-te assim. Prova dessas asas de frango, são das melhores que alguma vez comi.”

“Obrigado mas acabei de almoçar. Vim só beber um cafezinho para apanhar ar. Deixa-me oferecer-te algo de especial logo à noite, se nos encontrarmos no bar ♠ “(Apontou para o cardápio)

“Algo…de especial? O que queres dizer?”

“Ahah! não te preocupes. Vou indo, até mais logo ♥”

Pelas 21h, o sol desaparecia lentamente no horizonte, visto que Entertainment já se encontrava quase à mesma latitude que o estreito de Magalhães.

Após jantar no de Musset, Arlequino chega ao bar Justine onde encontrou novamente Jesteria bebendo champanhe com vários amigos, todos eles sentados no balcão.

“Boa noite Jesteria, vejo que hoje não fui o primeiro a chegar ao nosso bar. Boas noites meus caros, sou o Arlequino.” (Virando-se para os companheiros de Jesteria)

“Ah deixem-me apresentar-vos este cavalheiro, o senhor Arlequino, natural da ilha equatoriana pela qual passámos uma semana atrás… como se chamava mesmo…?

“Puerto Ayore? Acrescentou o Jean. Então aquela ilha remota tem habitantes permanentes?

“Nasci e fui criado lá mas confesso que estive mais de uma década sem meter os pés na minha ilha natal. A ilha é fantástica mas para alguém que não consegue ficar quieto no mesmo lugar torna-se rapidamente aborrecido.”

“Ah, mas o senhor por acaso não é aquele escravo que passou a noite de ontem preso ali mesmo, na proa do barco? Parecia estar em muito mau estado. Uma sorte que consegue estar de pé hoje! Espero que não leve a mal a cuspidela que lhe proporcionei ontem.”

“Sim era eu mesmo, deveras, Jessie. Jesteria, não me digas que a surpresa que tens para mim consiste em…”

“Oh era apenas uma brincadeira meu amigo. E apontei para o cardápio, lembras-te? Charlotte! Mais um daqueles cocktails que há pouco me serviste. É um pouco forte, mas acredito que seja do teu agrado ♠”

“Ah eu estava com receio que quisesses fazer algo semelhante ao de ontem.”

“Aqui têm os cocktails. Essa rodada fica… por conta da casa. Fico contente que vocês tenham… feito as pazes. Ambos parecem estar de bom humor… apesar de tudo.” Disse a Charlotte com um sorriso genuíno.

“Não era preciso, mas agradecemos, Charlotte. Arlequino, que raio de resposta foi essa? Não me digas que ainda permaneces em busca de redempção? ♣ (Ao dar um golo da sua bebida encostou-se orgulhosamente à cedeira)

Pensativo, e ao receber o cocktail Death in afternoon que a Jesteria apreciava particularmente, Arlequino finalmente respondeu:

“Talvez… Não, acho que não. A noite está particularmente movimentada, não é verdade?”

“Realmente está. Certamente é uma das últimas oportunidades de aproveitar um serão com um tempo clemente. A Jessie disse-me há bocado que chegaremos à Terra do Fogo dentro de três dias ♦”

“Será a última etapa antes de chegarmos à Antártida, não tenho particular interesse em ir mas imagino que será um destino inesquecível.” Comentou o João

“Eu estou aqui bem, mas se fosse o capitão, mudaria o rumo para ilhas mais equatoriais.” Acrescentou a Jessie.

“Bem, eu já passei um verão na Antártida, é uma experiência esquecível. Permaneci um verão inteiro. A carne de pinguim, quando convenientemente preparada, é dos melhores gourmets que alguma vez comi. Mas não há mulheres, verdade seja dita.“

“E não teve medo de tanta solidão? Não há nenhuma cidade por lá… nada com que nos entreter. Foi para lá em alguma expedição científica ou…”

“Apenas por capricho. Para ser mais exacto, o meu médico recomendou-me há uns anos que eu passasse alguns meses sem ver mulheres. Aproveitei o convite feito por uns amigos aventureiros e fomos para o continente inóspito que haveis de conhecer daqui a duas semanas.”

“E o que se faz lá?” Perguntou o Jean

“Porra nenhuma…♠” Interveio a Jesteria

“Sim, de facto não se faz porra nenhuma… Saúde meus amigos!” Confirmou o Arlequino.

“Cheers!”

“Por novos começos! ♥”

À medida que o charme do serão e as bebidas faziam efeito, os clientes do Justine e, em particular, o grupo de Jesteria, conversaram e riram por horas a fio sobre aparentemente nada digno de relevo.

Deixando o Justine sem se aperceberem, Jesteria e Arlequino compartilharam alguns desejos e preocupações que os assombravam há muito tempo.

“Fico contente por te ver sorrir novamente, Jesteria.”

“Ahah… Também gosto de falar contigo, Arlequino.”

A voz de Jesteria assumia um tom mais suave, nunca antes visto pelos passageiros do Entertainment. Inclinando-se ligeiramente para a frente, ela posou a mão sobre a dele, traçando círculos suaves no pulso do amante.

O que seguiu foi mais glamour, saltemos para quando os dois amantes entraram nos seus aposentos.

*
– Percebeste o que eu quis sublinhar com as minhas referências etimológicas ligadas ao amor?

– Quero lá saber. Estás para acabar o teu conto, esquece essas referências etimológicas chatas como o caralho!

– Por falar em caralho… Sabias que a etimologia dessa palavra é misteriosa? Sem dúvida o seu uso é anterior à marinha. Mas parece que a origem é anterior ao império romano. Repara que em grego  χάραξ (carax).

– Quero lá saber…

– Espera. Já reparaste como se escreve “Roma”, ao espelho? “amoR”

– E?

– Não sei, mas não me parece coincidência. E Amor pode muito bem vir de a-mor; isto é; o que não conhece a morte.

E, o que eu queria com o meu conto, era apenas colocar em combate várias formas que o amor pode assumir.

– O teu tempo de antena acabou! Acaba mas é a história entre Jesteria e Arlequino.

– Tudo bem, perdoe-me leitor, caso essas digressões tenham sido para si uma leitura não-consentida. Onde fiquei? Parece que perdemos alguma coisa. 

Caminhando sedutoramente na direcção de Arlequino, balançando provocativamente a saia, Jesteria aproximou-se do amante, antes de tirar a saia e as cuecas, disse por fim:

“Vejamos agora se aguentas a minha bondade.”

“Qual bondade? Anda lá e coloca a tua cona sobre o meu caralho.”

Sem aviso, Jesteria empurra Arlequino e abrindo as pernas, coloca o pénis dele dentro dela. Depois de um breve grito de prazer os amantes beijam-se, a língua deles invadindo a boca do outro.

“Querias isso não querias?”, Rosnou Jesteria com fúria.

Os gemidos dela tornaram-se prazeres puros enquanto os seus seios oferecidos eram lambidos com paixão. Com ainda mais determinação ela cavalga com mais força enquanto Arlequino implora por mais, Suas mãos agarram-se firmemente numa dança erótica sem igual. Arlequim, moveu um pouco o seu corpo convidando Jesteria a acompanhá-lo, antes de aumentar o ritmo e de a foder de lado. Com novos beijos, as bocas dos amantes encontraram prazeres diferentes dos que alguma vez tinham conhecido. Depois de lhe morder suavemente o pescoço, Arlequino, deu umas pancadas no rabo da Jesteria, que respondeu com um rasto de unhas nas costas do amante.

Uns minutos depois, Arlequim avisou:

“Estou a vir-me… Sai se não quiseres engravidar.”

“Eu também. Vem-te dentro de mim, meu querido.”

Os olhos de Jesteria estavam meio encerrados enquanto enrolava o corpo do amante com seus braços. “Obrigada” proferiu finalmente. Sem responder, Arlequim limitou-se a beijar a testa da pessoa com quem tinha lutado nos dias anteriores e ambos deixaram uma lágrima escapar dos seus olhos…

“Boa noite tarado.”

“Boa noite vadia.”

“Boa noite, meu mestre.”

“Boa noite, minha dona.”

“Boa noite, meu amor.”

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